sábado, junho 23, 2007

São de Cinfães as vitimas mortais do acidente de viação em Espanha

São de duas freguesias do Concelho de Cinfães, Distrito de Viseu, os trabalhadores da construção civil que sofreram ontem um acidente numa estrada espanhola, quando regressavam a Portugal para passar o fim-de-semana com a família.
O acidente provocou dois mortos, Fernando Manuel Correia de Sousa, de 30 anos, e João Alberto Pereira Da Silva, de 31 anos, que residiam respectivamente nas Freguesias de Santiago de Piães e de S. Cristóvão de Nogueira.
Ficaram ainda feridos com gravidade Agostinho Correia de Sousa, de 25 anos, condutor do veículo acidentado, e Manuel Monteiro Correia, de 43 anos, este último com prognóstico "muito reservado".
Segundo a informação do presidente da junta de uma das freguesias, Victor Manuel Teixeira Fernandes, de 35 anos, será o ferido mais leve e previa-se que ainda tivesse hoje alta hospitalar.
A Guardia Civil espanhola explicou à Lusa que o acidente ocorreu durante a noite de quinta-feira na A-62, que faz a ligação entre Burgos e Portugal, quando um Renault Megane, por causas ainda não conhecidas, se despistou e capotou antes de embater na protecção lateral da estrada.
Os cinco portugueses viajavam em direcção a Portugal, tendo o acidente ocorrido nos arredores da localidade de Villamuriel de Cerrato (Palencia).
As autoridades portuguesas têm estado em contacto com os familiares, estando alguns deles já a acompanhar os feridos no hospital de Valladolid, onde estão os dois feridos graves, segundo informou uma fonte da Secretaria de Estado das Comunidades.
O luto voltou ao Concelho de Cinfães, que tem sido uma das localidades mais castigadas com acidentes de viação ou de trabalho dos seus naturais, obrigados a emigrar aos milhares devido à escassez de trabalho no sector da construção civil.
É o segundo acontecimento mais grave com trabalhadores da zona do Entre-Douro e Tâmega, depois de, há menos de dois anos, um acidente de trabalho num viaduto de uma auto-estrada do Sul de Espanha ter vitimado cinco portugueses que eram naturais de Cinfães, Paredes e Penafiel.
A morte de muitos trabalhadores portugueses nas obras e estradas espanholas já levou o Sindicato da Construção do Norte (SCN) a lançar uma campanha de sensibilização, que envolve autoridades portugueses e do país vizinho.
Dados avançados pelo mesmo responsável dão conta de que, actualmente, trabalharão em Espanha entre 70 e 90 mil portugueses, embora Albano Ribeiro tenha referido à Lusa que muitos deles já não têm trabalho em Espanha - onde as grandes obras públicas estão na fase final de construção - estando a transferir-se para França e para outros países da União Europeia.
Os concelhos do Entre Douro e Tâmega - Cinfães, Baião, Marco de Canaveses, Penafiel e Paredes - são os que mais alimentam este vai-vém semanal de operários portugueses em terras espanholas.
Segundo uma estimativa grosseira do Sindicato e da autarquia, o Concelho que mais contribui para este número é o de Marco de Canaveses, com oito mil trabalhadores, enquanto que, no sentido inverso, a Galiza é a região espanhola que mais operários portugueses acolhe, cerca de 10 mil.
Além da falta de trabalho em Portugal, os salários praticados em Espanha são aliciantes.
"Um português que trabalhe em Espanha na construção civil tem um vencimento base de 1.100 euros, mais do dobro do que em Portugal, onde se fica pelos 506 euros", revela Albano Ribeiro.
O êxodo para Espanha é tal que o presidente da Junta de Freguesia de S. Cristóvão de Nogueira, em Cinfães, de onde são naturais dois dos portugueses acidentados na última madrugada, disse à Lusa "que a mão-de-obra activa da sua Freguesia está toda em Espanha".
Abílio Silva, que preside a uma freguesia de 2.200 habitantes, explicou "que 80 por cento dos trabalhadores da construção civil foram para Espanha. Só cá ficaram os mais idosos, aqueles que estão à beira da reforma

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