Dirigentes da Associação de Futebol de Viseu (AFV) garantiram, ontem, ter feito tudo o que estava ao seu alcance para que os seus dois árbitros suspeitos de corrupção fossem apanhados pelas autoridades policiais.
A PSP de Viseu anunciou,ontem, ter detido quinta-feira dois árbitros de futebol e dois dirigentes que foram surpreendidos em flagrante delito a transaccionar dinheiro, nos concelhos de Tondela e de Castro Daire, após uma denúncia anónima feita por telefone.
"A surpresa é relativa, porque já no passado sábado, depois de termos algumas provas que poderiam indiciar esta situação, eu próprio vim aqui (à AFV) assinar um documento que foi enviado à Polícia Judiciária no sentido de eles se porem em campo para averiguar", afirmou o presidente da AFV, José Alberto Ferreira, em conferência de imprensa.
José Alberto Ferreira contou que, "ao longo dos últimos anos", a direcção ouviu "muitas queixas, muitos factos que terão provavelmente acontecido, mas nunca ninguém os conseguiu provar".
A partir do momento em que a AFV considerou ter provas suficientes em sua posse, decidiu actuar, por considerar que os dois árbitros - Fernando Dias e José Cunha - estavam a "colocar em causa a honestidade" dos restantes 250 elementos do quadro da associação, entre árbitros, observadores e cronometristas.
"Queremos, deste cesto de fruta que é a arbitragem distrital, retirar todas as maçãs podres para não contaminar todas as outras", frisou.
O vice-presidente da AFV, Rui Faria, justificou o facto de ter sido a PSP de Viseu a deter os suspeitos em flagrante delito com a necessidade de actuar de imediato.
"As situações precipitaram-se e tivemos de actuar de imediato. Falámos com o Corpo de Intervenção (da PSP), demos os dados e eles actuaram", explicou.
José Cunha e Fernando Dias têm ambos 37 anos. O primeiro, natural de Parada de Gonta e residente em S. Miguel de Outeiro (Tondela), pertencia ao quadro de honra.
O segundo, natural de Silgueiros (Viseu) e residente em Parada de Gonta, fazia parte do quadro de primeira e já tinha estado suspenso da actividade durante dois anos.
O presidente do conselho regional de arbitragem, João Caiado, disse aos jornalistas que, "em termos da associação, o conselho de disciplina é que irá julgar" os dois árbitros, mas garantiu, desde já, que nunca mais os nomeará para uma partida.
"Não podíamos fazer sentir aos árbitros que sabíamos, senão éramos nós a espantar a caça", disse João Caiado, explicando o porquê de, no último domingo, José Cunha ter arbitrado o Campia-Santacombadense e Fernando Dias o Riodades-Caparrosa, apesar de os dirigentes da associação já suspeitarem da sua conduta.
As nomeações para o próximo domingo saíram na quarta-feira, tendo Fernando Dias sido nomeado para o Sampedrense-Vouzelense e José Cunha para o Cabanas de Viriato-Moimenta do Dão.
Os dirigentes da AFV escusaram-se a revelar pormenores dos factos que consideram provar a culpa dos árbitros, bem como os montantes envolvidos nas transacções.
"Em futebol fala-se em suspensões e que o árbitro recebe e o clube paga e ninguém prova nada. Quando eu tive provas de que efectivamente podia actuar, não hesitei", afirmou João Caiado.
Disse ainda que o conselho de arbitragem contou "com a colaboração de pessoas que sabiam o que se ia passar", mas não confirmou se estavam ligadas a outros clubes.
O presidente do conselho regional de arbitragem mostrou-se convencido que não há mais árbitros da AFV envolvidos em situações idênticas.
José Alberto Ferreira disse esperar que esta situação sirva de aviso de que a AFV não pactuará "com situações dúbias", que "ponham em causa a credibilização do fenómeno desportivo".
sábado, novembro 17, 2007
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