Exorcismo, demónios, dietas e medicina popular são alguns dos temas do Congresso de Medicina Popular, entre 30 de Agosto e 3 de Setembro, em Vilar de Perdizes, Montalegre. O padre António Fontes continua a ser o grande dinamizador do evento.
O fundador dos congressos de medicina popular de Vilar de Perdizes, padre António Fontes, disse à Lusa que são esperadas milhares de pessoas no encontro, que vai abordar perto de uma dezena de temas.
Logo no primeiro dia, Telma Teixeira vai falar sobre as “Doenças Curadas pela Natureza”, e Simara explicará a “Terapia pelos Cristais”. No dia 31 o tema em debate é o exorcismo, com a apresentação do livro de Mestre Alves, estando ainda em destaque a “Nutrição e a Saúde” e “A Carne e a Saúde”.
No dia seguinte será a vez do francês Alan Leconte falar sobre “A Energia e o Amor”, seguindo-se uma palestra sobre “Os Demónios Todos Juntos”. “Dieta e Medicina Popular”, “As Plantas Medicinais da Serra Dos Paços” e “Novos dados sobre exorcismos” são os temas para sábado, 1 de Setembro.
Espalhados por cerca de 40 stands vão estar videntes, médiuns, massagistas, videntes, astrólogos, ervanárias, bruxos ou tarólogos. Quem quiser poderá ainda comprar livros, chás, fazer uma sessão de hipnose regressiva ou tirar uma foto da aura. O congresso de Vilar de Perdizes transformou-se em ponto de encontro de culturas, credos, medicinas, religiões, saberes, uma feira original, popular e erudita, um espaço para questionar métodos e crenças, novidades e antiguidades e uma ocasião para conhecer o país profundo, oculto e esquecido”, defendeu o padre Fontes.
António Fontes considera ainda a iniciativa como “uma forma de promover a região e a sua gastronomia, tradições e a sua paisagem”.
O padre António Fontes impulsiona há 25 anos o Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, Montalegre, onde em Setembro se junta o sagrado ao profano e se reúnem curandeiros, bruxos, adivinhos ou ervanários. “A junção do sagrado e do profano protagonizado por um padre deu mais valia e chamariz ao congresso.
Foi como que a arte de sacralizar o profano e profanar o sagrado”, afirmou o sacerdote. António Fontes nasceu em Cambezes do Rio, uma aldeia do Barroso, próxima do Rio Cávado, em 22 de Fevereiro de 1940, tendo ingressado no Seminário de Vila Real em 1950, de onde saiu em 1960. Foi ordenado sacerdote em 1963.
António Fontes é um dos principais defensores da cultura popular da região do Barroso, onde a localidade se insere.
O sacerdote recordou que o congresso de Vilar de Perdizes nasceu numa altura em que as tradições e a medicina popular antiga estavam a cair em desuso devido à concorrência ou oposição da “medicina química ou moderna”.
“O primeiro congresso de medicina popular nasceu da necessidade de registar e dar a conhecer o uso da medicina caseira, tradicional, ainda muito válida, apesar da chegada em 1975 do Serviço Nacional de Saúde ao país e às minhas paróquias”, salientou. Em 1983 “revelaram-se Vilar de Perdizes e os seus congressos como ponto de encontro de culturas, credos, medicinas, religiões, saberes, uma feira original popular e erudita, um espaço para questionar métodos e crenças, novidades e antiguidades e uma ocasião para conhecer o país real, profundo, oculto, esquecido, marginalizado”.
Desde então, no primeiro fim de semana de Setembro repete-se o evento que, segundo o sacerdote, pretendeu “avivar a cultura morta - a medicina popular - e pôr no devido lugar a que surgia, dita científica, que não queria a sobrevivência da mãe a medicina Natural”.
Vinte e cinco anos depois, o objectivo da iniciativa mantém-se actual porque, segundo António Fontes, o congresso pretende dar a conhecer às pessoas “o valor da medicina popular e o poder das plantas para combater doenças”.
Durante quatro dias vão ser vendidos muitos quilos de chás para todos os males. A natureza oferece no Barroso e em alguns microclimas da região, como em Vilar de Perdizes, uma “variedade enorme” de ervas medicinais, aromáticas ou condimentares. É durante o congresso que Isabel Pita, 44 anos, vende a maior parte dos seus chás, licores ou compotas.
Há sete anos que esta habitante de Vilar de Perdizes colhe ervas para vender, depois, transformadas em chás através de conhecimentos “ancestrais” que diz ter aprendido com os seus avós. “Não tínhamos médicos nem farmácias e, por isso, havia que aprender a usar as ervas para nos curarmos”, recordou. Isabel Pita faz cerca de “70 a 80” chás diferentes e, além de possuir algumas ervas na horta junto a sua casa, também sobe às serras, pela hora do calor, para colher as “melhores plantas”.
Além dos chás, os milhares de pessoas que se deslocam ao congresso podem ainda encontrar pomadas ditas milagrosas ou mezinhas que tudo curam, receber massagens ou ouvir palestras por um misto de médicos, especialistas de medicinas alternativas ou doenças da mente e do espírito. Em Perdizes misturam-se ainda naturistas, bruxos e adivinhos e especialistas em curas espirituais, endireitas, cartomantes, ervanários.
Mas durante o resto do ano são também muitos os turistas que se deslocam a Montalegre para conhecer o “padre das ervas medicinais”.
Para acolher os muitos visitantes, António Fontes abriu um espaço de turismo rural em Mourilhe, no concelho de Montalegre. O hotel estende-se por uma casa antiga recuperada, oferecendo dezasseis quartos, biblioteca regionalista, uma capela e jardim espaçoso onde o sacerdote planta as suas ervas e podem ser ouvidas
muitas histórias, costumes e lendas.
É o próprio António Fontes que guia os visitantes pelos licores e chás caseiros ou que aconselha os roteiros e locais para visitar em Montalegre. “Aqui encontra o turista um reino maravilhoso de altitude, onde impera a água, a verdura variada das quatro estações do ano, o silêncio da natureza e das aldeias de dia e de noite, a paisagem e ar e céu limpo, leve, carregado de belas estrelas celestes e terrenas”, sublinha o padre.
Noticia: www.diariodetrasosmontes,com (Díário Trás Os Montes)
terça-feira, agosto 28, 2007
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